quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Outonos atrás



A Noite

Tiê

Palavras não bastam, não dá pra entender
E esse medo que cresce e não para
É uma história que se complicou
E eu sei bem o porquê
Qual é o peso da culpa que eu carrego nos braços
Me entorta as costas e dá um cansaço
A maldade do tempo fez eu me afastar de você
E quando chega a noite e eu não consigo dormir
Meu coração acelera e eu sozinha aqui
Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão
Olhos nos olhos no espelho e o telefone na mão
Pro tanto que eu te queria, o perto nunca bastava
E essa proximidade não dava
Me perdi no que era real e no que eu inventei
Reescrevi as memórias, deixei o cabelo crescer
E te dedico uma linda estória confessa
Nem a maldade do tempo consegue me afastar de você
Te contei tantos segredos que já não eram só meus
Rimas de um velho diário que nunca me pertenceu
Entre palavras não ditas, tantas palavras de amor
Essa paixão é antiga e o tempo nunca passou
E quando chega a noite, e eu não consigo dormir
Meu coração acelera e eu sozinha aqui
Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão
Olhos nos olhos no espelho e o telefone na mão

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Outono passado

Quando as duas meninas chegaram na ilha, a natureza que ali a muito não era visitada pareceu dar um leve sorriso de recepção.
 Ouviu-se pássaros cantando uma indecifrável canção, ora parecia triste, ora feliz.
 Ouviu-se vozes quase que mudas fazerem cochichos.
 As flores pareciam dançar embaladas por um misterioso vento que invadiu aquele lugar.
 A menina mais velha segura as pernas da mais nova que se atira na ponte a fim de pegar uma flor que flutua na água.
 A velha ponte de madeira balança, e por um momento a garotinha pareceu cair na água, mas eis que a mais nova erguida pela irmã mais velha se apresenta ilesa, sorrindo com uma flor nas mãos.
 Parecem felizes e agora irão brincar na ilha, ajudar as formiguinhas a levarem comida para o formigueiro, irão correr embaladas por uma alegria que cedo ou tarde seria roubada.
 Está tarde, talvez tenha se passado anos desde que nunca mais aquelas menininhas visitaram a ilha.
 O tempo se despede do outono.
  Um frio impetuoso começa a cobrir até mesmo a alma, a natureza anuncia a chegada de um inverno cujo não se vê o fim.
 Uma neblina cobre todo o território, a vida está coberta pela sua cinza, que cobre os olhos e nos faz andar como cegos.
 Restam-se apenas as pegadas no coração que chora.
 A ilha tentou avisar que aquele seria o último segundo, que aquele momento seria lembrado para sempre no coração de alguém que agora sozinha chora.
 A ilha sentiu falta das meninas e até a ponte de madeira pareceu entristecer-se.
 A natureza sabia desde o início que chegaria o tempo em que alguém sairia ferido dali, e o inverno que chegou preparava alguém para o início de uma temporada nebulosa, o inverno da alma.
 Que chegaria cedo ou tarde não sabia se para o bem ou para o mal.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Outono imprevisível

É engraçado perceber que como raio as coisas mudam de estado, hoje de manhã pensei está totalmente liberta do meu lado "mal", mas agora nesse quase exato momento, me sinto totalmente sufocada por algo que aconteceu e pela primeira vez na vida eu quis ser sempre Catharina.
  Chove forte lá fora, mas o meu interior também está inundado por uma tempestade de dor e tormento que atinge somente as pessoas que amam.
  É difícil crer que realmente fui iludida por quem a tanto tempo conheço e que tanto amei, por quem por vezes chorando quis ter a sua dor para evitar o seu sofrimento, por quem sofri em perder.
 É difícil acreditar que os "lobinhos" estão do seu lado, te observam dormir, veem seu sofrimento e não são capazes de sentir por ele.
 É difícil ver que algumas pessoas não amadurecem e apesar da idade erram tão feio quanto crianças de onze anos, e são incapazes de verem o quanto foram perdoados e redimidos e são capazes de olharem nossos erros e dizerem que somos incapazes de vivermos nesse mundo, sendo que quem está sofrendo são eles.
 Pessoas assim acreditam que Deus talvez os tenha  dado uma santidade "extra" tornando seus pecados menos graves, seus tombos meros escorregões, nos olham e dizem que "Pedem a Deus apenas que tenham misericórdia de nós". Sinceramente nesse caso Catharina não se ataca, por que a vingança já está feita, eles são seus próprios inimigos e por não saberem, vão continuar errando e errando...
 Vão continuar dizendo que nós somos intoleráveis e esquecerem de examinar suas próprias vidas.
 Dificilmente, mas vale acreditar por "pura misericórdia" que talvez um dia se tornem tão pecadores como nós...
 Esses seres falhos como eu e você.
 Eu me sinto como minha própria inimiga e reconheço que realmente eu a sou, eu erro feio e feio mesmo!
 Mas não ando por aí distribuindo cartões de visitas falsos e apresentando um ser humano que eu não sou.
 Quem erra é pecador. Quem não erra também o é, pena saber que esses por um longo tempo agirão como uma senhora louca tentando furar um buraco no quintal pretendendo chegar até a China, por que esses "coitados" não terão a oportunidade de corrigirem seus erros, pois acreditam não os terem. 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Primeiro outono

 Antes de escrever eu sabia muito bem o que queria, agora já não sei... Eu tenho dezessete anos e ao contrário do que muita gente pensa não sou uma garota tranquila, as vezes sou doce, meiga e gentil, posso ser até romântica incorporando as moças descritas por Alvarez De Azevedo! Essa sou eu, a verdadeira Andrea, a menina que minha mãe tanto amou e cuidou...
  Mas nem sempre eu sou assim, de repente como se muda de personagem em um jogo qualquer e se pode escolher entre ser Taylor Swift e Angelina Jolie eu mudo de personalidade, como por instinto ao detectar perigo, ameaça. Como quando  corre-se da chuva vendo o céu se fechar, eu me torno outra pessoa que a chamo Catharina, essa é a  menina que foi vitima de Bullying e que se sentia desamada por seus familiares .
 Cathy, esse era o nome que meu avô queria que eu me chamasse, inspirado em uma mulher que talvez quisesse que eu me tornasse.
 Catharina sempre me trouxe problemas, sinto em tê-la dentro de mim, por que sei que pareço uma louca e que que ela me faz me tornar quem não quero ser, ela é capaz de tudo, não tem medo de nada e chega a ser malvada.
   Andrea é inocente, incapaz de fazer mal a um mosquito, melancólica e em frente as reações malévolas começa a chorar, Catharina quase nunca chora, porque é  contra a sua vontade,  porque sente que  é a sua obrigação não chorar.
  Sim, eu sei devem está pensando que eu sou louca, e irão dizer "Pensando? Eu tenho certeza!!!",
mas tudo bem eu também pensaria assim.
  Catharina acabou de atacar e agora me deixou aqui sozinha, "assumindo os erros dela"...
  Mas a culpa foi minha, eu a criei dentro de mim quando ignorei todas as boas ações de "Deixar para lá", "Fingir que não está ouvindo" e simplesmente fazer o que sempre quis, mas pensei que seria melhor assim, vingar e fazer o mesmo que fazem comigo... Palhaçada!
  Como gostaria de voltar atrás e ter 13 anos novamente e fazer tudo diferente e ser a menina que eu era ou melhor ainda, ser aquele bebezinho de 1 aninho que dormia o dia inteiro e não chorava a noite...
  Alguém me disse que a lua teve inveja do meu sono, da calma daquele bêbê que não dava trabalho para minha mãe. Logicamente que isso é uma mentira, mas quando criança gostava de acreditar nisso, que meu temperamento não era culpa minha "que a lua era culpada", poxa logo a lua? Aquele ser sem vida, e até triste! Enfeita as noites e torna a vida mais romântica.
  Eu queria ser a lua, a lua é ela e somente ela, é linda meiga e angelical!
  Queria iluminar a noite escura para alguém, presenciar momentos românticos e fazer sorrir!
  Queria olhar para terra de bem longe e tentar compreender por que nós, seres humanos racionais e inteligentes, cometemos erros tão mesquinhos sabendo que existem consequências.